segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Festa, capoeira, Frevo e Samba


Todos sabemos que a contribuição africana para a formação da cultura brasileira é imensa. Os africanos trazidos para cá como escravos, acabaram sendo os principais responsáveis por constituir algumas das características mais marcantes da nossa cultura: a musicalidade, a espontaneidade, a expressividade corporal e a criatividade presente nas mais variadas manifestações das culturas tradicionais de nosso povo.
FESTA, CAPOEIRA, FREVO E SAMBA Nesse sentido, a capoeira, o frevo e o samba, são três das manifestações de nossa cultura que reúnem essas características herdadas dessa ancestralidade africana. Essas expressões têm muita coisa em comum, mas principalmente, chama-nos atenção o fato de estarem sempre ligadas à festa: algo sobre o que, nós brasileiros, diga-se de passagem, entendemos muito bem.
O samba, que surge em nosso país em diversos locais, assumindo diferentes formas e sotaques, sempre esteve ligado à necessidade dos africanos e seus descendentes em festejar, dançar, cantar, beber e comer, enfim, compartilhar seus momentos de alegria, mesmo apesar do duro sofrimento a que eram submetidos no passado, e de certa forma ainda hoje no presente. A festa sempre fez parte do samba – e o samba da festa. Onde quer que se juntem pessoas nesse país para comemorar alguma coisa, o samba quase sempre se faz presente.
A capoeira, que se constituiu como uma estratégia de enfrentamento à violência do regime escravagista e do poder opressor em nosso país, teve como cenário de expansão e consolidação justamente as famosas “festas de largo” no início do século XX, em Salvador da Bahia. É justamente nessas festas populares - como Bonfim, Iemanjá e Conceição da Praia - que se inicia o processo de afirmação e aceitação social da capoeira através dos grandes mestres que começam a ganhar notoriedade nesses espaços, tais como os famososBimba, Pastinha, Noronha, entre outros.
E o frevo, que ao que tudo indica, surgiu a partir dos blocos carnavalescos do Recife e Olinda, no início do século XX, onde a rivalidade entre essas agremiações, fazia com que houvesse o enfrentamento entre elas, quando os caminhos se cruzavam durante a festa. Por isso, a necessidade de haver valentões dispostos a esses enfrentamentos - geralmente capoeiristas, que iam à frente desses cordões e, ao som das orquestras de metais e percussão, evoluíam com seus passos ágeis e coreografias bem desenhadas, dando origem à essa dança tão popular no carnaval de Recife e Olinda.
Percebemos então, que o sujeito social que freqüentava cada uma dessas manifestações era o mesmo, ou seja, o capoeirista era também o dançarino de frevo e vice-versa. Isso acontecia também com o sambista no Rio de Janeiro, que inclusive se vestia de forma muito parecida com o capoeirista da época: terno branco, chapéu de palha, lenço de seda no pescoço, e muitas vezes também a famosa navalha. Sem falar na perseguição policial que ambos sofriam, por serem tidos como vadios, marginais e capadócios.

Esses elementos nos dão pistas interessantes para tentarmos compreender o contexto social desse período histórico, onde esses sujeitos sociais: o capoeira, o sambista e o dançarino de frevo, compartilhavam do mesmo universo e transitavam com muita desenvoltura nesses ambientes, tendo como pano de fundo, justamente, a festa.
festa sempre teve lugar de destaque na cultura brasileira, e talvez isso explique um pouco do nosso espírito alegre, nosso bom humor e nossa postura otimista diante das dificuldades da vida. São nos espaços festivos que exercitamos nossa sociabilidade, nosso sentido comunitário, nosso compartilhar de dores e alegrias, nossa sentido de pertença e identidade. A capoeira, o samba e o frevo, são ótimos exemplos desse exercício de cidadania. São manifestações que possuem o forte poder de agregar pessoas em torno da celebração, do encontro e da valorização da vida.

Pedro Abib (Pedrão de João Pequeno) é professor da Universidade Federal da Bahia, músico e capoeirista, formado pelo mestre João Pequeno de Pastinha. Publicou os livros “Capoeira Angola, cultura Popular e o Jogo dos Saberes na Roda”(2005) e “Mestres e Capoeiras Famosos da Bahia”(2009). Realizou os documentários “O Velho Capoeirista” (1999) e “Memórias do Recôncavo: Besouro e outros Capoeiras” (2008). Fonte portal da capoeira


Documentário Mestre Pastinha





segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Galera novo treino

Quadra do Fabio Caballero
As 19:30, todas as quartas- feiras

Aulas com o mestre Dentão
Treino aberto para todos os alunos

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Novo espaço de treinamento



                                    03 Agosto
                      Dia do Capoeirista   


Esse é o grande grito que devemos dar neste dia em que comemoramos o dia do capoeirista. Iê, para todos os capoeiras que acreditam ser através dessa luta-jogo-dança, uma das maiores armas já criadas pelo homem para libertação de seu ser, de sua criatividade e opressão de toda a neurose desenvolvida em nós através de sistemas autoritários de educação. Iê para a violência dos capoeiras que não sabem lidar com sua agressividade de forma equilibrada, tanto nas rodas de capoeira quanto na roda da vida.”Ser agressivo faz parte do ato de viver. É importante não confundir agressividade com violência. A agressividade reprimida é o que gera a violência. A vida é um constante ato de escolha, de opção, e usar a agressividade de forma natural e biológica significa buscar o que queremos”, significa termos atitude; sermos criativos; tomarmos iniciativa para realizarmos nossos desejos...”Cada vez que abrimos mão da realização dos nossos desejos, estamos reprimindo nossos impulsos, que mais tarde irão se transformar em atitudes de compulsão violenta.” (Roberto Freire- Somaterapeuta e escritor). O próprio Pastinha (considerado o pai da Capoeira Angola) dizia: “Capoeira é amorosa, não é perversa. É um hábito cortês que criamos dentro de nós.”
Parabéns a todas as escolas de capoeira que mantêm a sua essência ética e alegre. Felicidades aos capoeiras que têm a mesma como um estilo de vida, que sabem fazer dessa arte tão encantadora a razão do equilíbrio de suas emoções e de suas relações nesse mundo tão competitivo e violento.
A capoeira tem sido utilizada não somente como atividade física e diversão, mas também, como terapia para pessoas portadoras de deficiências neurológicas,  neuroses, dificuldades de aprendizagem, etc. Ela nos deixa mais felizes, belos, criativos, descolados, inteligentes, estrategistas, bem humorados, leves para amar; trabalhar,  brincar e viver.

Axé a todos os capoeirista



                                                                                                                                    Texto de Márcia Tôrres